ACM Neto e João Doria debatem apoio a Bolsonaro em 2022

O ex-prefeito de Salvador ACM Neto viajou nesta semana a São Paulo para tentar acalmar o governador de São Paulo, João Doria

        Foto: Redes sociais

Por Henrique Brinco

O ex-prefeito de Salvador ACM Neto viajou nesta semana a São Paulo para tentar acalmar o governador de São Paulo, João Dória (PSDB-SP) em relação à possibilidade de seu partido, o DEM, se aliar a Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. Ele preside a legenda, que tem aliança com o PSDB tanto em São Paulo –o vice-governador, Rodrigo Garcia, é do DEM – como em Salvador. Dória informou ontem que o baiano teria lhe garantido que a legenda não apoiaria o governo.

O tucano disse que a decisão do democrata vale tanto para a orientação da legenda a parlamentares em sua atuação no Congresso como para um possível apoio à reeleição de Bolsonaro em 2022. "O jantar foi produtivo, sereno e a informação mais importante, ouvimos do presidente do DEM, quando afirmou cabalmente que o DEM não apoia e não apoiará o governo Jair Bolsonaro, nem neste momento, nem no futuro, para o programa sucessório", afirmou durante entrevista coletiva sobre a pandemia de Covid-19. Nos bastidores, a avaliação é que o objetivo do novo discurso de Neto se dá para manter o vice-governador paulista, Rodrigo Garcia (DEM), na sigla. Com a guinada bolsonarista do DEM, ele foi convidado por Doria para se unir ao PSDB.

Em nota após a declaração de Dória, Neto reafirmou que "não permitirá, neste momento, que aconteça qualquer debate interno sobre o processo eleitoral de 2022. Esse assunto não compõe a agenda prioritária do país, e nem da sigla". "Os membros do DEM estão focados em discutir a agenda de demandas urgentes para o Brasil. É hora de concentrar todos os esforços no combate à pandemia, na vacinação da população brasileira e na votação das reformas e pautas que podem garantir a retomada do crescimento econômico do Brasil e a geração de empregos", informa comunicado da executiva nacional do DEM. "Tal como vem acontecendo desde o início de 2019, o Democratas mantém sua posição de independência em relação ao Governo Federal, não estando sequer sob discussão partidária, qualquer posição diferente desta". 

A tensão surgiu depois que ACM Neto sinalizar que não poderia descartar, neste momento, uma aliança com Bolsonaro. A declaração foi dada depois da eleição de Arthur Lira para presidir a Câmara dos Deputados. O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarou que vai deixar o DEM porque a sigla estaria virando um partido de extrema direita. Segundo ele, ACM Neto entregou a cabeça do partido de bandeja para o presidente.

O DEM hoje está dividido em três pensamentos: apoiar a reeleição do atual presidente Bolsonaro (sem partido); compor a base do governador de São Paulo João Doria (PSDB-SP); ou trilhar um caminho alternativo com a indicação de um novo nome para a disputa eleitoral. 

A oposição tem assistido atentamente ao imbróglio. Para o PT de Salvador, a briga entre o deputado Rodrigo Maia e o presidente do DEM, ACM Neto "revelou ao Brasil o que a Bahia já sabia sobre o DEM". “Não podemos esquecer quem é o DEM, um partido que sempre agiu para benefício próprio. E isso é uma realidade desde a ditadura militar, construindo um legado cruel de endividamento externo e estagnação econômica. Se chamava ARENA, depois se tornou PDS, PFL e DEM para tentar deixar no esquecimento as maldades que fez contra o povo ao longo da história do Brasil”, destacou o presidente do PT municipal, Ademário Costa.

(Tribuna da Bahia)

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