Projeto REDE: Iniciativa de jovens Cristãos no interior da Bahia quer transformar a forma de fazer missões

Presidente Tancredo Neves (BA) — No coração do Baixo Sul da Bahia, uma movimentação jovem e voluntária começa a chamar atenção por seu crescimento silencioso e proposta ousada. Batizado de Projeto REDE, o coletivo cristão reúne cerca de 30 jovens de diferentes denominações evangélicas e atua há três anos promovendo ações de capacitação espiritual e mobilização missionária.

Embora não esteja ligado oficialmente a nenhuma igreja ou instituição, o grupo se define como um projeto independente com raízes confessionais. Segundo seus organizadores, o REDE valoriza a identidade denominacional de cada participante e busca formar jovens que permaneçam atuantes dentro de suas próprias comunidades de fé.

Um modelo novo, sem financiamento
Ao contrário de outras iniciativas religiosas organizadas, o Projeto REDE não possui estrutura formal nem arrecadação financeira. Todo o trabalho é feito por voluntários e ocorre em ambientes digitais — reuniões pelo Google Meet, conteúdos distribuídos pelas redes sociais e organização via grupos de WhatsApp.

Essa simplicidade, no entanto, não impediu a expansão. De acordo com dados fornecidos pela coordenação, o projeto já alcançou mais de 30 mil pessoas, e ao longo dos últimos anos, mais de 400 jovens passaram pelas formações e eventos promovidos pela equipe.
“Nós não recebemos recursos de igrejas nem de instituições. Tudo é feito com base em doações voluntárias de tempo e serviço”, explica Elivanildo Fernandes, idealizador e presidente do projeto.

Escola IGNIS: evangelismo híbrido e gratuito
Um dos braços mais ativos do projeto é a chamada Escola de Evangelismo IGNIS, que acontece entre julho e agosto em formato híbrido. A proposta é oferecer uma formação missionária gratuita para jovens, com aulas online e desafios práticos voltados inicialmente para ações de evangelismo local.

O diferencial, segundo a coordenação, está na acessibilidade. Com o uso de inteligência artificial, ferramentas digitais e trabalho
 colaborativo, o REDE consegue oferecer capacitações de qualidade sem custos para os participantes. Os professores e mentores atuam voluntariamente, o que reduz a necessidade de estrutura física e recursos financeiros.

Planos futuros: tornar-se uma escola de missões
Apesar da atuação atual ser informal, o Projeto REDE trabalha com a meta de tornar-se uma escola de missões estruturada, com CNPJ próprio, capaz de receber doações e estabelecer parcerias para ampliar o alcance.
A ideia é manter o foco no modelo híbrido, com forte presença digital e iniciativas presenciais pontuais — priorizando, num primeiro momento, as regiões mais carentes e menos alcançadas dos municípios vizinhos.
“Queremos ser uma escola que forma missionários locais. E queremos fazer isso sem romper com as igrejas, mas ajudando os jovens a servirem melhor nelas”, destaca Elivanildo Fernandes.

Harmonia doutrinária e internet como aliada
O REDE afirma não interferir em questões doutrinárias específicas. O objetivo, segundo seus líderes, é promover valores cristãos universais que possam ser aceitos em diferentes contextos evangélicos, evitando disputas teológicas ou conflitos interdenominacionais.

Nas palavras de seu presidente:
“A última coisa que queremos é brigar com denominações. Nosso foco é preparar o jovem para servir melhor onde ele já está inserido.”

Para isso, a internet tem sido uma ferramenta fundamental. O projeto utiliza plataformas gratuitas e recursos digitais para atrair jovens que, muitas vezes, gastam horas em redes sociais — agora mobilizados para produzir e consumir conteúdo cristão com intencionalidade.

Um movimento a observar
A proposta do Projeto REDE reflete uma tendência crescente entre jovens cristãos brasileiros: auto-organização, uso da tecnologia e voluntariado como resposta ao chamado religioso. Mesmo sem apoio institucional ou verba, o grupo conseguiu manter regularidade, capacitação e engajamento.

Resta saber se a transição para um modelo institucional — com arrecadação formal e expansão organizacional — manterá o mesmo espírito independente e colaborativo que caracteriza o projeto até aqui.

Para saber mais, o grupo mantém uma presença ativa nas redes sociais, especialmente no Instagram: @projeto.rede.


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